Já disse em algumas ocasiões, como a sexta-feira me faz bem.
Isso não é novidade para ninguém. Afinal, avistar esse dia como o último dia de
trabalho é uma coisa que muitos descrevem como maravilhosa. No meu caso, eu já
nem me preocupo tanto, há anos não trabalho às sextas, somente na parte da
manhã e olhe lá.
Pode parecer um certo tipo de arrogância, ou de presunção
essa última coisa, mas não é. Todo mundo sabe que eu sou professor. Professores
fazem seus horários e escolhem seus horários e dias em quer irão trabalhar. Obviamente
acabam recebendo o salário que lhes cabe, pela quantidade horas-aula que
vendem.
Tenho escutado que a minha vida é fácil. Que minha vida anda
tranquila pelo simples fato de eu ter uma empregada doméstica em casa. Que me
dou ao luxo de beber muita cerveja no dia em que eu quiser, inclusive às
segundas-feiras. Sempre gostei de um ditado que diz: “Todo mundo vê as cachaças
que eu bebo, mas ninguém olha os tombos que eu tomo”.
Esse ditado popular diz muito sobre minha vida. Deveria falar
também sobre as vidas das outras pessoas. Todo mundo sabe onde o calo lhe
aperta. Até onde me lembro, não fico dizendo que a vida de fulano, ou de
beltrano é fácil, ou que o camarada não dá duro para conseguir o que tem. Pelo menos,
acredito eu, a maioria das pessoas que conheço, rala pra cacete.
Porém, existe um problema no nosso país, que talvez o Gilberto
Freyre explique, de que a mentalidade das pessoas sobre o trabalho é a de achar
que todo mundo deveria trabalhar todos os dias da semana, oito horas por dia. Não
entendo o motivo disso, a razão que leva o camarada a crer que se ele trabalha
num determinado emprego tantas e tais horas, outras pessoas também deveriam. Sendo
que esse sujeito, muitas vezes, detesta o fato de trabalhar cinco dias por
semana, oito horas por dia.
Penso que se alguém escolhe uma profissão como a minha, sabe
dos riscos e problemas inerentes à ela. No caso do Magistério, baixos salários,
alunos cada vez menos respeitadores, pais de alunos cada vez menos responsáveis
por seus filhos, escolas que tratam a Educação como mero produto comercial como
um detergente. Mesmo sabendo dessa situação, há 12 anos atrás, eu decidi que
era isso que eu queria.
Sei que tem gente que não teve as oportunidades necessárias
para ter a profissão que desejava - isso é assunto para vários posts – mesmo assim,
acredito que qualquer um possa encontrar algo que lhe dê prazer naquilo que faz
durante a semana e que chamam de trabalho, ou emprego.
Sem contar que no Brasil, é notório a aversão que as pessoas
tem àqueles que possuem um capital intelectual superior ao seu. Eu sei que o
simples fato de deter o poder de palavra sobre qualquer indivíduo, seja na
circunstância que for, já é instrumento de dominação e de sobreposição a uma
determinada esfera social.
O que percebo, porém – e isso é outro traço marcante do
brasileiro – é que o fato de alguém trabalhar “intelectualmente”, sem necessariamente
fazer “força”, não “pegar no pesado”, é algo que é difícil de engolir. Uma boa
parte das pessoas não consegue entender o significado de trabalhar em alguma
coisa, a partir do conhecimento específico que se tem sobre alguma coisa e,
mesmo assim, não precisar que se faça esforço físico.
Nem vou falar dos chamados “Home Offices”! Onde várias
pessoas administram negócios, vendas, acordos e tantas coisas, a partir de suas
casas. Tenho um conhecido que trabalha na Índia, mas não sai do seu próprio
quarto no Grajaú, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Passa o dia em casa. Você
sempre pode vê-lo online no MSN e outros. Mas vai tentar falar com ele? A diferença
de fuso horário daqui pra lá é de +9h! Se aqui são 8:30 da manhã, lá já são
22:30 da noite! Um horário de trabalho muito diferenciado. O sujeito se divide
em dois mundos, diversas vezes é contatado de madrugada para resolver um
problema, pois lá em Nova Délhi, já é dia.
Mas muita gente vai dizer: “Mas pelo menos ele está na casa
dele! Não precisa pegar ônibus cheio, aguentar a presença física do patrão,
etc.”. E aí permanece esse ciclo que dá no saco!
Inté!
Pois é, meu camarada... Só pq não acordo cedo nem trabalho pela manhã, todo mundo acha q trabalho pouco, mas ninguém sabe o qto ralei pra ter esse privilégio, né!
ResponderExcluirÉ Fábio... Como disse, infelizmente aqui no Brasil só se valoriza o trabalho que é árduo, pesado. O trabalho intelectual, ou que não envolve muito esforço físico (pegar ônibus, trem, etc. e ter uma rotina de trabalho sacrificante) é para os que são "aproveitadores", ou "fracos".
ResponderExcluirValeu pelo comentário!
Espero você mais vezes!
Abraços.