Antes de começar este texto preste atenção na figura abaixo:
Você já deve tê-la visto. Você e mais 16 milhões de pessoas. Se você ainda não viu, saiba que está é, aparentemente, a bunda da cantora Anitta. É mostrando sua "buzanfa" que ela inicia o clipe da música "Vai malandra", que foi postada ontem 18/12/2017, e já alcançou os notáveis 16 milhões de visualizações, só no YouTube.
Logo abaixo, você lê um tuíte do cantor Lulu Santos que, aparentemente, estaria criticando o clipe da música da Anitta:
Horas depois, com a internet toda enchendo seu saco e dizendo cobras e lagartos, Lulu postou o seguinte:
Como disse, muita gente foi falar coisas escabrosas para o cara. Ele revidou, claro. Não é bobo, sabe que burburinho falando de alguém, seja pra bem ou pra mal, é bom para ambas as partes. No entanto, para mim, o ponto é outro, o buraco fica mais embaixo.
Pra começo de conversa, eu sempre digo que não existe música ruim, existe a música que você gosta e a música que você não gosta. Qualquer coisa além disso é juízo de valor. E isso é uma puta perda de tempo. Principalmente porque acredito piamente no que diz o bom e velho Raulzito:
Partindo desse princípio, eu, que não gosto das músicas da Anitta, não entro em nenhum serviço de Streaming, no YouTube, ou rádio, seja lá o que for, para ouvir o que ela canta. Hoje, mais do que nunca, temos muita liberdade e opções para escolhermos aquilo que nos agrada ouvir para dançar, refletir, etc.
Porém, o problema central vem de um negócio que o cantor Lobão chama de "Paumolecência". Ele atribui o início desse fenômeno a toda essa corja dessa famigerada MPB:
Mas ultimamente, ele vem sendo tratado por louco, principalmente porque enveredou numa luta política que, no Brasil, dá no saco. Com isso, seus discursos são sempre meio delirantes. Só que ele faz isso há muito tempo. Ele já bateu no Caetano Veloso, no Gilberto Gil, no Chico Buarque, gente que está, ainda nos dias de hoje, definindo o que é e o que não é música brasileira. Pesquise sobre isso, e você vai entrar em contato com algo repugnante.
Na minha opinião, Lulu Santos perdeu uma excelente oportunidade de dizer um monte de coisas que um monte de gente pensa. Mas se escondeu atrás da máscara do bom moço que é amigo de todo mundo e que coloca panos quentes para evitar confusão. E não esperaria outra coisa dele. Historicamente, Lulu não arruma briga com ninguém. E esse é o problema da "Paumolecência".
A última confusão que eu vi na música, (podem haver outras de pois dessa, mas não me lembro no momento), foi essa aqui. Os caras discutiam porque não se gostavam. Cada um tinha opinião, um sobre o outro. Até que um dia deu merda!
Por que todo mundo mantém essa pose de bom moço? De amigo de todo mundo? Eu sei, eu sei, isso faz parte do negócio. Ninguém quer perder nenhuma fatiazinha que seja do mercado que está povoado de gente que não quer perder nenhuma fatiazinha. E mais: hoje tem 50, 100 artistas disputando uma mísera fatiazinha.
A carreira de músico no Brasil deve ser um negócio de doido: a pirataria que não deixa mais os caras ganharem uma merreca com venda de CD´s, a meia entrada que "encarece" o preço do ingresso e o surgimento, como se fossem capim, de artistas que cantam e tocam qualquer besteira para fazer o povo se divertir. E talvez, o problema seja exatamente esse.
A grande maioria das músicas que fazem sucesso entre a rapaziada, é direcionada para o romantismo, para a curtição em uma balada e sobre a quantidade quase infinita do que se pode beber numa balada onde, quem sabe, você pode arrumar o amor da sua vida. Música de contestação? Elas existem, mas ninguém tá procurando ouvir, ou pelo menos, ela não está tocando nas grandes rádios. isso sem falar do Pop Rock do qual Lulu Santos é signatário. Hoje em dia, não conheço artista equivalente a Lulu Santos. E quando digo que desconheço é porque, como eu disse, escolho o que quero ouvir, e a música dele não consta nas minhas playlists.
A suposta crítica de Lulu à música da Anitta, foi interpretada como uma crítica à música funk. E essa é uma nova característica dos tempos atuais: se você critica alguém o a atividade de alguém, ou a produção de alguém, você está, automaticamente, criticando uma minoria, um setor da sociedade discriminado, ou está sendo puramente preconceituoso. Vide o caso do(a)(x) Cantor(a)(x) Pablo Vittar. Quem diz que a música dele(a)(x) é ruim, é porque é homofóbico.
Minhas duas observações sobre este episódio são:
1 - Lulu Santos perdeu uma ótima oportunidade de dizer realmente o que pensa sobre a atual fase da música brasileira;
2 - A tal "fase anal" não começou agora e está longe de terminar.
Inté!
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