Não acredito muito que o meu texto vai esclarecer, ou colocar
mais um ponto a ser debatido nessa questão. De qualquer forma, quero expressar
minha opinião e deixá-la aqui registrada.
Desde a última quarta-feira, quando o governo
norte-americano fechou o site Megaupload, em virtude da lei chamada de S.O.P.A.
(Stop Online Piracy Act), diversos atos de contra ataque e represália foram
feitos e direcionados aos principais sites dos principais interessados na lei:
os conglomerados das indústrias que produzem conteúdos que são “pirateados” ou “roubados”
pela internet.
Essas tais indústrias são as grandes gravadoras e os estúdios
de cinema, que veem, ano após ano, seus conteúdos disseminados e propagados
pelo mundo através da internet. Suas alegações são que os prejuízos decorrentes
da ação dos “piratas” da internet, prejudicam os orçamentos de filmes e de
tantas outras produções. Que os artistas perdem seus direitos autorais.
Não preciso me aprofundar muito. Se você é uma pessoa que se
interessa o mínimo possível por coisas que acontecem na internet, já deve saber
o suficiente sobre o que está acontecendo.
Pois bem, é justamente nesse ponto que eu posso começar. Minha
visão das coisas, como elas acontecem, ou como elas são, é sempre tendencioso
em relação aos extremos. Ou seja, ou vejo tudo pelo lado ultra otimista, ou
vejo pelo lado radicalmente pessimista. Dessa maneira, minha intenção é sempre
propor uma forma de diálogo com aquilo que não costumamos pensar, e isso inclui
até as coisas mais óbvias, que nossa mente não nos permite ver.
Mas chega de enrolação. Na minha opinião, em breve, chegará
o tempo em que todo e qualquer conteúdo será compartilhado pela rede. Como já
está acontecendo. O que ninguém (nesse caso, as indústrias de conteúdo) nunca
consegue entender, ou pensar, é numa forma de lucrar com o que se faz. Ou seja,
as pessoas compartilham, vendem, ou distribuem um filme, um show ou um álbum de
algum artista pela internet, como podemos lucrar com isso?
No entanto, a pergunta que, na minha opinião deveria ser
feita é: por que as pessoas se recusam a comprar meu produto e preferem
adquiri-lo de graça na internet? A resposta parece óbvia não? Se posso adquirir
tal coisa de graça, por que raios eu deveria pagar por ela? (e dentro desse
pensamento, muita coisa pode ser dita nos posts seguintes). Mas a coisa não
para por aí, pelo contrário, este é só o começo.
Quem já baixou, ou baixa filmes pela internet, sabe o
processo que se segue quando um filme é lançado: primeiro, um “alguém-pirata”
disponibiliza uma versão do filme gravado com uma câmera dentro do próprio
cinema. Ou seja, esse “pirata” PAGOU por um ingresso para poder ter uma versão
do filme. Essa gravação do filme vai para a internet como a versão “CAM”. Dessa
forma, imagine o filme do Capitão América, ele vai para nos sites de
compartilhamento com o seguinte nome, por exemplo, “CAPITÃO. AMÉRICA. 2011. CAM
(ou SCR, de SCREEN, tela em inglês). Normalmente, essas versões CAM, são de
qualidade duvidosa pois o “pirata” com a câmera precisa fazer contorcionismo e
camuflagem para não ser flagrado.
A segunda parte do processo de pirataria de filmes, pode ser
aquela em que alguém tem acesso ao DVD do filme “para efeitos de apreciação”. O
que isso quer dizer? Um crítico, ou alguém de alguma revista, ou um repórter de
cinema, recebe uma cópia, devidamente “marcada” pelo estúdio (em geral, de 15
em 15 minutos, aparece uma mensagem no topo, ou no rodapé do filme dizendo “Para sua apreciação e consideração. Proibida
a venda ou distribuição desse material”). Você acaba baixando uma versão
autêntica do filme, que pode não ser a versão final, que foi distribuída pelo
estúdio e que caiu na rede, por algum “crítico-pirata”.
A etapa final, e essa etapa depende muito do sucesso ou não
do filme, é quando ele chega em DVD às lojas. Algum “pirata” compra o DVD, ou
Blu-Ray, original, compacta o filme e
distribui todo o conteúdo do disco, ou só o próprio filme. Detalhe importantíssimo:
tanto na etapa dois, quanto na terceira etapa, não é apenas uma pessoa que disponibiliza
esses materiais, mas VÁRIAS! No citado filme do Capitão América, você pode
encontrar as versões de compactação e distribuição de várias pessoas. Pode-se
ter vários links de várias versões para o mesmo filme do Capitão América. Logo,
pressupõe-se, que VÁRIAS pessoas compraram o mesmo DVD original, para COMPARTILHAR
COM OUTRAS PESSOAS, como sempre foi feito durante a história da humanidade. Ou ninguém
nunca comprou um disco e disse para um amigo, ou aquela menina – a título de
cantada – que tinha comprado o novo disco ou filme do fulano de tal e chama
alguém para ir a sua casa para vê-lo ou escutá-lo?
Tenho que me parar por aqui pois o post já está grande. Amanhã
continuo com essa história.
Inté!