O problema está justamente aí: só pensamos no papel da
escola e dos professores quando possuímos alguma consciência da história de
nossas vidas. Ou seja, quando já somos capazes de olhar para o passado e
analisar nossas experiências.
Como professor e educador, atualmente, me pergunto muito
sobre a validade seja do que ensino, seja do papel que exerço sobre meus
alunos. Muitas das vezes, me conforta ver as mensagens que eles me deixam
através do Facebook, ou do quase falecido Orkut. Mas mesmo assim, continuo me
perguntando o quanto sou relevante, pois acredito que um profissional não pode
se contentar com alguns louros que recebe. As vitórias, todo mundo vê, as
vitórias são propagandeadas aos quatro ventos. Mas, e as derrotas? Onde eu
falhei? Qual aluno não pude, ou não consegui ajudar?
Além dessa questão pessoal, fica o pensamento direto que diz
respeito ao que nossas escolas fazem com nossos estudantes: prepará-los para o
mercado de trabalho. Criando os futuros trabalhadores braçais. Sabemos muito
bem que a vida não pode nem deve ser só de labor. Precisamos nos divertir, amenizar
as dores da luta pelo pão de cada dia. Então vamos a um show, a uma peça de
teatro, assistimos a um filme. E por trás de cada um desses espetáculos, estão
outros trabalhadores, que adoramos assistir e aplaudir, mas que muitos não
teriam coragem para incentivar o próprio filho ou filha em tal carreira
artística.
Criamos cada vez mais trabalhadores para serem “alguém”. Aprendemos
desde pequeno que sem estar na escola, sem passar pela escola, não
conseguiremos um trabalho. Em grande parte, isso pode ser verdade. Mas passar
pela escola só para abastecer os cargos de trabalho que, no fim das contas,
enriquecerá um outro, não me parece uma ideia muito justa.
Sempre precisaremos de advogados, médicos, metalúrgicos,
professores, etc. Mas sempre precisaremos de bailarinos, de atores, de músicos
e cantores.
Devemos sempre nos perguntar o que e para que estamos
adquirindo este ou aquele conhecimento. Para que esse monte de conhecimento,
que nos empurram desde cedo, serve? E isso deve vir de berço. Os pais devem
ensinar seus filhos e filhas a questionar o que aprendem e compreender quando estes
não possuem essa ou aquela “aptidão”. (Sem entender que essa falta de aptidão
pode ser algum tipo de “anomalia” ou “doença”). Vivemos num tempo que cultiva DEMAIS
o “ser normal”, sem “defeitos”. Criando neuroses que lotam consultórios médicos
e psicológicos, gerando adultos sempre insatisfeitos com as próprias
realizações e cheios de mal estar físicos.
Vamos reavaliar a forma como aprendemos e como ensinamos?
Vejam o vídeo abaixo e deixem seus comentários.
Inté!
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