Sim, meus amigos! Depois de um longo e tenebroso inverno,
estou de volta!
Váááááárias coisas aconteceram comigo e com a minha vida
desde a última postagem nesse bendito Blog. Na minha opinião, nada mais natural.
Afinal, somos humanos e nossa tendência é evoluir. Se não evoluímos, pelos
menos tínhamos que nos dar ao trabalho de mudar alguma coisa nessa nossa vida
tão curta.
Pois bem... Tudo vinha acontecendo de maneira maravilhosa na
minha vida, até dezembro de 2015. A crise econômica do Brasil cobrou seu preço de
mim. Fui demitido de uma excelente empresa, onde ganhava muito bem e em
decorrência disso, meu padrão de vida decaiu de maneira vertiginosa. Minha mulher
disse: “É agora, ou nunca!”. E decidimos pelo agora. Decidimos mudar nossa vida
radicalmente.
Desde Janeiro de 2016, eu moro num sítio, numa zona afastada
das grandes cidades, num lugar pouco conhecido dentro do estado do Rio de
Janeiro. E desde então, minha vida mudou..., obviamente.
No entanto, não pense que quando digo que ela mudou, que ela
tenha mudado para melhor ou para pior. Não. Ela é diferente. Muito diferente. Hoje
eu trabalho em casa, ganho meu dinheiro com aquilo que produzo aqui dentro. Hoje
o barulho que mais me incomoda é o latido dos meus cachorros quando eles vem um
cavalo passando em frente ao portão de casa. (Por alguma razão, eles detestam
cavalos). No momento em que escrevo essas linhas, só escuto os barulhos dos
grilos. Quando ouço o barulho de um carro ou veículo motorizado, é porque “está
passando na sua rua o Carro do Pão!”. Sim, a padaria mais próxima fica a mais
de 5km de distância.
Muita gente “urbanoide”, como já fui um dia, se espanta por
me encontrar nesse lugar. Minha própria mãe, que já é uma senhora de idade,
reclama quando vem aqui em casa. Reclama que não tem muito o que fazer e que
ela chega a ficar entediada.
Se você está lendo isso, é porque sim, aqui tem internet.
Não tem 5 mega de velocidade, mas consegui passar 5 meses da minha vida sem
ela. (só tinha a internet do celular pré-pago, que, convenhamos, não dá para
fazer a metade das coisas que eu faço). Mas dá para assistir à Netflix. Dá para
ver e enviar vídeos para o YouTube. O Spotify ainda não reclamou. E eu continuo vendo as
fotos felizes que todos postam no Facebook.
Em oito meses eu consegui emagrecer um pouco. Acho que perdi
uns 3kg. Aprendi como tratar, limpar e manter uma piscina. Aprendi a cortar e
cuidar de um gramado. Comecei a plantar uns legumes e ervas. O refrigerante é
algo que quase não entra mais aqui em casa. Tem sempre muito suco de acerola. Água
de coco é um negócio tão abundante, que me dou o luxo de fazer pedrinhas de gelo
para tomar com um uísque que ganhei num casamento há dois anos. (Sim. O uísque
dura esse tempo todo aqui em casa).
Minha cachorrinha que tinha uns 15 ou 17 anos, resolveu
descansar por aqui. Ela fez brotar um pé de mamonas, que as crianças de hoje em
dia pensam que é o nome de uma banda. Chegaram mais dois cachorros para fazer
companhia ao Larsson, que já vai fazer 5 anos nessa família. Eles correm muito
pelo terreno e conseguem ficar gordos, não me pergunte como. Larsson não fica
mais nervoso quando escuta alguém se aproximando da minha casa, nem quando
escuta barulho de fogos de artifício.
Em algumas semanas, eu consigo ler até três livros. Sim, eu tenho
tempo para ler três livros, consecutivamente. Meus vizinhos não reclamam mais do
volume em que escuto minha música. A maior preocupação deles é consertar seus
galinheiros para que suas galinhas não entrem no meu quintal e sejam almoço dos
meus cães. Eles me cumprimentam todas as vezes que me vem no portão; até quem
não me conhece, e eu não conheço, me cumprimenta e eu cumprimento de volta.
Depois de mais de vinte anos, redescobri o que é o inverno. Aquela
estação onde de noite faz um frio danado, e no dia seguinte você procura aquele
sozinho fraco para se aquecer. Onde você se embola num cobertor com a pessoa
que ama, e passa horas vendo filmes, séries ou qualquer besteira na televisão.
Um aquece o outro.
Na padaria, no depósito de bebidas, na peixaria, na lojinha de
“Xing Ling”, no mercadinho, na loja de ração, no buteco, ou no restaurante mais
frequentado, as pessoas sabem quem eu sou. E sabem quem é minha mulher. Quando não
estou com ela, as pessoas mandam abraços e beijos para ela. Se sabem que ela
está doente, querem vir aqui em casa para ver como ela está. Quem sabe que ela
chega do trabalho na sexta, depois das dez da noite, depois de encarar um puta
trânsito para chegar em casa, perguntam se ela quer o restinho da janta que
fizeram naquela noite.
Enfim, ninguém precisa passar pelo que passei no último
trimestre do ano passado. Ninguém precisa ser demitido sem entender o motivo. Ninguém
precisa perder nada. Mas acredito que todos, sem exceção podem mudar. Todos, em
algum momento precisam que algo seja feito diferente. Que a rotina transcorra
de maneira diferente. Que as relações sejam diferentes. Que a vida não seja só
uma linha reta em direção ao fim. A linha da vida pode fazer curvas, espirais,
declives, aclives, “loops”. A linha da vida não regride, ela só avança. Cabe a
cada um de nós, fazer com que essa linha faça traçados diferentes. As mudanças
precisam acontecer, se elas serão melhores ou piores, depende de como cada um desenha
sua linha da vida. Mas acredito que ela pode sim, ser diferente sempre.
Inté.
Nenhum comentário:
Postar um comentário