Confesso a vocês
que, não sei em quantos outros textos esse tema irá se desmembrar. Mas o fato é
que, por causa das pesquisas que fui fazer para escrever tão somente esse “textículo”,
me deparei com tanta coisa, que vai ser irresistível não escrever mais.
Pois bem,
vamos pelo início. Segundo o Dicionário Online de Português, Absurdo
quer dizer “Contrário à razão, ao senso comum: intenções absurdas. Que fala ou age de maneira irracional; estúpido,
disparatado, tolo.”. Na minha modesta opinião, em concordância com o que
afirma Zigmunt Bauman, “As relações humanas
não são mais espaços de certeza, tranquilidade e conforto espiritual. Em vez
disso, transformaram-se numa fonte prolífica de ansiedade. Em lugar de
oferecerem o ambicionado repouso, prometem uma ansiedade perpétua e uma vida em
estado de alerta. Os sinais de aflição nunca vão parar de piscar, os toques de
alarme nunca vão parar de soar.”. Dito isto, explico-lhes como a ideia
deste texto começou.
Na semana passada, caí na besteira de fazer um comentário numa determinada postagem de uma página de "humor no Facebook. a postagem é essa da imagem abaixo.
Entrei no link para ver do que se tratava. Veja aqui.
Depois de assistir ao tal do trailer, escrevi um comentário e o que se seguiu, foi algo que jamais havia acontecido comigo:
Jamais
imaginei que uma coisa dessas viraria um troço de agressão. Com nêgo falando que
eu não era nada por causa da minha foto de perfil (!!!???). E foi por causa
desse evento – e de outros que pretendo relatar em próximos posts – que me dei
conta de uma série de coisas sobre a internet e, principalmente, sobre o Facebook.
Não desejo
para ninguém ser alvo de ataques virtuais. Do mais simples como foi o meu caso,
àqueles que causam o suicídio de alguém, como uma injúria, como um vídeo de
intimidade sexual, etc. Eu pirava a cada nova notificação de resposta ao que
escrevi. Não que estivesse me incomodando, mas eu não acreditava em como as
pessoas estavam nervosas e incomodadas pelo fato de alguém ter contrariado
aquilo que elas sentiam. Pode-se dizer um monte de coisas sobre as pessoas na
internet, mas eu já entendi que cada pessoa atrás de um monitor e um teclado,
ou smarphone, está como uma faca nos dentes, uma pistola carregada e uma raiva
gigantesca apontada para qualquer um que contrariá-la no que quer que seja.
Dito isso,
elaborei o titulo dessa postagem e acabei me apropriando de um conceito
formulado por Michel Foucault e que se tornou queridinho
pelas militâncias sociais que atuam na internet, em especial no Facebook: O
chamado “Local de Fala”. Me deparei
com coisas que não imaginava ler, como isso aqui. Teve gente que tentava colocar as
coisas de forma didática como essa aqui. E ainda tem aqueles que se esforçam
por tentar deixar as coisas no campo teórico. No fim, a que conclusão
cheguei afinal?
Com toda a
sinceridade? Nenhuma. Na verdade, descobri que eu sou uma besta e que minha vida,
tal como a vivo agora, não dá conta de abarcar a balbúrdia
em que vivemos. Você pode até me chamar de simplista ou de alienado (no real
sentido da palavra),
mas o fato é de que eu tive que me sentar e tentar entender qual seria minha
posição diante disso tudo.
Entendam: eu
sou professor, sou historiador, tenho obrigação de entender o presente para
poder contar às gerações futuras o que se passou por aqui. No entanto, vivendo
uma vida afastada de grandes centros urbanos, meu maior contato com a realidade
das pessoas é quando estou auxiliando um aluno na minha sala de atendimento, ou
quando vejo as coisas que as pessoas fazem na internet. E todos sabemos que a
vida real não é essa da internet! Mas as pessoas insistem em viver sua vida
ali, em meio às fotos de belezas estonteantes do Instagram, às maravilhas
culinárias que são postadas em fotos antes mesmo de serem comidas, aos vídeos
de gente falando de tudo e de todos no Youtube. Para a imensa maioria das
pessoas a vida virtual é mais importante e se sobrepõe à própria vida real.
Vejo as pessoas assumirem uma persona virtual e se esforçarem ao máximo para
que essa persona seja real na vida cotidiana.
Na minha
opinião, a vida que se expõe na internet é um absurdo. E tal absurdo pode e
deve se manifestar nas redes sociais, pois é lá o seu local de fala. E
só pode se manifestar quem tem uma vida absurda, quem não tem, deve sujeitar-se
ao que os outros têm para falar. Afinal, você não sabe o que é ser absurdo,
muito menos viver uma vida absurda.
(Continua...)
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