Longe de mim ser saudosista! Eu vivo pregando a plenos pulmões contra essa onda de dizer que em tal ou tal época as coisas era melhores e tal. Me recuso a entrar nisso.
No entanto, ao começar a escrever essas linhas, percebi que
estava incitando o mesmo discurso, só que ao contrário. Ou seja, no momento em
que rebusco na minha memória bandas que até hoje escuto, mas que o tempo as levou
para bem longe, posso estar fazendo a campanha pela volta de um determinado
passado, mas um passado de acordo com a minha visão. Não sei se é isso, mas eu
sou ótimo em perceber incoerência no meu discurso e o primeiro a fazer a
autocrítica.
De qualquer forma, mais uma vez, mais uma segunda e mais uma
vez pelas perambulações que faço no youtube, me lembrei de um famoso, mas quase
desconhecido disco que o Zé Ramalho gravou com o Lula Côrtes pelos anos de
1975, chamado Paêbiru. Nesse disco, que é uma viagem alucinante pela psicodelia
brasileira, tem uma musiquinha que eu adoro. Essa aqui:
Aí lembrei da banda que nos anos 90, mais precisamente em
1997, surgiu para o cenário nacional com a famosa “Carolina”:
E aí, vários filmes passaram pela minha cabeça, fiz voltas para o tempo de quando eu recebi a fitinha K7 com o primeiro disquinho dos caras, produzido
pelo Roberto Frejat. Que tinha aquele frescor de novidade de coisas que foram
produzidas nos anos 90 por essa terra Brasilis. O mercado fonográfico e radiofônico
estava ávido para ter bandas nacionais tocando. O Raimundos era uma unanimidade.
O Chico Science morreria em 2 de fevereiro de 97, e o disco deles foi lançado
como uma continuação daquilo que vinha de Recife – eles não eram Mangue Beat –
mas o Mundo Livre S/A e a Nação Zumbi já
estavam nos seus segundos discos e a Sony, “dona” da Nação investiu na Jorge
Cabeleira como um segundo Trunfo. Mas o primeiro disco foi o que deu.
Em 2001 eles lançaram o excelente “Alugam-se asas para o
carnaval” que é a síntese correta de uma banda madura. Mas como o disco foi
feito com captação de recursos públicos, o dinheiro só deu para a produção e
gravação do disco, na hora da divulgação ele acabou e ficou restrito ao
nordeste e chegando devagar no sudeste. Eu mesmo lembro de ter comprado o CD
numa dessas liquidações de lojas de discos que estavam fechando. Comprei a
bolacha por meros R$3,99.
Em 2014, eles editaram um disco reunindo músicas dos dois
primeiros discos e mais duas inéditas. Existe a promessa de um DVD.
Mas, no fim, resta somente a saudade de uma banda que
mostrou muito pouco, do muito que poderia, mas o mercado é bruto e te engole se
você não sabe fazer as coisas direito. Como foi o caso deles.
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